terça-feira, 16 de novembro de 2010

do cão.

Da minha janela o rio enche e seca
Todos os dias na lama os corpos
Que salvaria se não houvesse
Tantos para cuidar em minha casa.

Conheci um homem que por 8 vezes/ 8 noites
Se jogou nesse rio sem intenção aparente
Entorpecido de sentir noite nele
Era nele o rio/ o rio nele era.

A lama entrou por seus ouvidos/ nariz
olhos e boca todas as vezes
Saiu dele com mais endosso e
correnteza represadas.

A lama em minha casa cobre a pia
a latrina/ entram pela janela sem permissão
a areia movediça e o pântano/ aos meus pés
Não assombram mais que minha alegria.

(Em memoria de Chico Espinhara e sua frase: " Cidade encantada do cão".)

J. Gui

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