terça-feira, 28 de maio de 2013

desconheço o autor da foto


estar em casa

O pássaro que me destes ainda vive na gaiola
o vejo todos os dias e penso que poderia soltar
se fosse realmente uma destas boas criaturas
se não fosse preciso apreciar seu canto plumas
seu desejo de ir a árvore mais próxima

Ele me observa e estremeço
lábios tamborilam ao ouvi-lo
toco o pássaro com a ponta do dedo mínimo
cada vez que ele chega mais próximo a grade
canta o meu pássaro para o alto
e abraço sua casa triste
como a mim abraçou
a ternura e a loucura

Fecho as janelas as portas de vidro
o solto em meio aos móveis
ele sai da gaiola ele voa
ele voa sim o meu pássaro e aqui ficaremos
eu e ele na mesma
não saio da casa não agora estamos
juntos finalmente juntos o pássaro e eu
Todas essas coisas lá fora
os carros viadutos o mar que não vem inundar
de uma vez estão lá e nós
estamos aqui.


A minha cidade não é Pedra nem Arcoverde nem Recife nem São Paulo nem qualquer outra do mapa, a minha cidade sou eu. Turistas me visitam como qualquer cidade que se deseja conhecer , entranha na pele dos que possuem o desejo de pertencimento. Os que moram nessa cidade, ora a repulsa, ora a afaga e como qualquer outra, magra ou gorda, feia ou não, triste ou não, fria ou quente possui o acolhimento necessário para o abrigo e a coerência abstrata para ouvir nãos. Assim também são as pessoas para mim, cidades hospitaleiras ou não, acolhedoras ou não, confiáveis ou não, com suas avenidas e suas arquiteturas construídas pelo tempo, pela natureza, pelos que a habitam, pelo desconhecido, pelas paisagens que escondem os mais bonitos lugares contemplativos. Sejam os casarões antigos misteriosos e fechados, o lindo mar de concreto, belas paisagens, a cachoeira e o penhasco de difícil acesso ou inalcansáveis. Comparar uma cidade a outra, não significa nada para mim mas para quem a escolhe, aceito suas diferenças como características pessoais que possuem, prefere-se uma a outra, sim, como prefere-se um amigo que sente-se mais a vontade para conversar intimamente. Como sou eu a cidade ambulante, confio demasiadamente, humana que sou, nas outras como se assim pudéssemos fazer um país, neste país que vivemos dividido por cidades que competem umas com as outras suas belezas individuais e indivisíveis. Mais pontes e mais transportes quanto forem necessários para traçar uma comunicação íntima será construído, quanto mais longo o acesso, mais valorizado o encontro. O dia a dia vai continuando sendo feito de feijão com arroz , um bom supermercado, uma escola para o filho, um cinema de qualidade e uma história para contar das viagens feitas recentemente.




terça-feira, 21 de maio de 2013

cessar

Quando cai o dia
Todas as vozes unidas
Nas árvores acendem
Foi que mais uma noite
Voltou a dormir